Mutirão reúne lideranças na busca do ‘Bem Viver’ em Fortaleza

Por Tádzio Estevam (Assessor de Comunicação da Diaconia)

Há quase duas décadas, surgia em Fortaleza, um grande mutirão de pessoas que ansiavam em construir — ou reconstruir -, um mundo melhor, mais fraterno e que o bem fosse comum a todos e todas. Estamos falando do Curso de Verão na Terra do Sol, evento que este ano está na 18ª edição e que reúne reuniu animadores, lideranças populares e religiosas, além de grupos interessados em criar um mundo mais justo, fraterno e democrático. O encontro, que é uma realização do Centro de Formação Terra do Sol, em parceria com a ONG Diaconia e do Centro Ecumênico de Estudos Bíblicos Ceará, acontece nas dependências do Centro de Formação São Raimundo Nonato, bairro da Bela Vista, em Fortaleza, e conta com as presenças de representantes de vários estados do Nordeste como Pernambuco, Bahia, São Paulo, Paraíba, Piauí, Santa Catarina, Brasília e Ceará.

O tema desta edição do curso é “Na brisa leve do espírito, como abrir caminhos para alcançar o Bem-Viver: desafios para uma espiritualidade profética”. De acordo como o organizador geral do evento, Padre Luís Sartorel, italiano radicado no Brasil há 41 anos e fundador do curso, o objetivo do mutirão é oferecer ao público um espaço que ligue Fé e Política, no sentido mais puro do termo (organização da sociedade para o bem comum). “Este curso tem espaço para as pessoas evangélicas, católicas, de matrizes africanas, entre outras designações. Respeitamos a experiência de mística e de espiritualidade de cada um e uma de nós. O que nos dá caminho. O importante é colocar tudo isso no bem comum, num mundo mais fraterno”.

Padre Luís Sartorel reforçou a importância do serviço religioso a favor da sociedade

De acordo com o Padre Luís, tanto na igreja católica como em parte de algumas evangélicas, existe uma dificuldade em formar pessoas que aceitem a experiência de fé ligada ao compromisso político. “A maior parte se fecha numa espiritualidade que eu chamo espiritualista, baseada na individualidade, que está muito ligada a Deus, mas distante do próximo. É preciso descer a montanha e se juntar ao povo”. O Clérigo ainda faz um alerta sobre a manipulação da mídia. “Os meios de comunicação alcançaram níveis altíssimos na manipulação do pensamento da população. Tem gente que segue muito mais o catecismo da mídia do que os ensinamentos deixados por Jesus Cristo”.

Joia Celso e Euzébio Vieira são guineenses e participam do curso pela primeira vez

A africana Joia Celso Medina e os africanos Euzébio Vieira e Justino Augusto, todos da Guiné Bissau, trocaram seu país de origem para tentar a vida no Brasil. “Estou aqui no Brasil há 11 meses. Ainda estou me adaptando ao idioma e às pessoas, apesar de ainda sentir preconceito por parte de algumas delas. Espero que este curso possa me ajudar a combater essa situação e me tornar uma pessoa melhor, pois aqui eu pretendo ficar por um bom tempo, me formar na enfermagem e depois voltar para ajudar meu povo na África”, disse Joia. Euzébio, que mora em Fortaleza há cinco anos, atua como técnico em enfermagem no município e serve à Igreja Católica do bairro onde mora. Participando pela primeira vez do curso, ele conta o que espera do mutirão. “Este curso me trará conhecimentos que ainda não tenho”.

Alba Carvalho palestrou sobre a diferença do Viver Bem e do Bem Viver

A professora da Universidade Federal do Ceará (UFCE), Alba Carvalho, em sua apresentação, destacou a diferença entre o Viver Bem e o Bem-Viver, propósito do mutirão. “Temos duas lógicas de vida: a do Capitalismo que é a busca do Viver Bem, e a do Bem Viver, que traz a proposta da transformação, emancipação e da prática do bem comum. Esta segunda lógica, a qual almejamos, significa viver uma outra realidade, rompendo com esse padrão dominante que emprega violência, violação de direitos, intolerâncias, falta de projetos de vida. Vivemos uma sociedade doente que está destruindo as pessoas, o meio ambiente e abalando nossa fé. Precisamos reforçar as alianças que assumem lutas na defesa e garantia de direitos”, disse. Sobre esta aliança, padre Luís ressalta a parceria do Centro de Formação Terra do Sol — movimento ligado à Igreja Católica -, com a Diaconia. “Nossa relação com a Diaconia já é de algum tempo e está sendo muito positiva. Uma relação de colaboração e fraternidade muito forte que nasceu a partir de um projeto em comum. À medida em que íamos nos conhecendo fomos nos aproximando cada vez mais. Dez anos de parceria que aos poucos foi se solidificando com a confiança e companheirismo”. Para a assessora político-pedagógica da Diaconia em Fortaleza, Kezzia Cristina, “o mutirão fortalece a vivência concreta do ecumenismo a serviço de uma sociedade justa, inclusiva e solidária para todas as pessoas. O curso de verão simboliza esse trabalho em rede, no qual a Diaconia acredita, como sendo mais um dispositivo para que alcancemos o Reino de Justiça e Paz”, finalizou.

 

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