Integrante da campanha Renovar Nosso Mundo cria canal para falar sobre ecoteologia
width="380"
height="228" />Apesar de vermos o discurso negacionista da crise ambiental e climática ganhar
cada vez mais espaço, principalmente na internet, o consenso científico a
respeito do assunto já é um fato há alguns anos. Há dados científicos robustos
que comprovam as alterações climáticas e os resultados, infelizmente, estão cada
vez mais escancarados, afetando milhares de pessoas, sobretudo, em lugares
pobres. A fim de abordar o tema a partir de perspectiva cristã bíblica, o
pernambucano Josias Vieira lança no Youtube, nesta quarta-feira, 15/01, o canal
Ecoteologia Decolonial. Vieira é integrante da campanha Renovar Nosso Mundo, estudante de Teologia,
pastoreia o Grupo de Estudos Bíblicos Nós na Criação e membro da Igreja Batista
em Coqueiral, Recife, Pernambuco. De acordo com ele, o objetivo do canal é
colaborar para o diálogo ecoteológico, bem como promover aproximações com outras
manifestações religiosas a respeito da relação com a “casa comum”. Vieira também
entende a iniciativa como uma função profética para denunciar o que tem sido
feito de errado com a criação de Deus. Em um bate-papo, Josias contou sobre como
começou o seu interesse no assunto e deu mais detalhes sobre a abordagem do
canal. Confira.
Como se deu sua aproximação e preocupação com o tema do cuidado da criação ou
da ecoteologia?
Josias Vieira – Desde muito jovem, eu já era muito inclinado às
questões da natureza. Lembro que a Eco92 me encantou muito, pois eu via ali uma
possibilidade de ser um "cientista" e viver perto da floresta, com os animais.
Depois fui descobrir que o nome desse cientista é biólogo. Mas a vida me levou
para outros caminhos. Recebi o meu chamado pastoral na adolescência, mas ainda
não fazia ideia de que seria tão intenso com a criação. No início da formação
teológica também se iniciava o Projeto Rio Limpo, Cidade Saudável, em Recife,
Pernambuco; e nele a necessidade de pastorear jovens na descoberta da relação de
nossa fé com o meio ambiente. No início, eu achava que era a teologia da
criação, mas logo descobri que, buscando uma relação com todo o ecossistema,
entendendo o ser humano como parte dele e não como sujeito principal, fazendo
essa leitura a partir dos povos indígenas e quilombolas, me encontro na
ecoteologia. Não me vejo na reflexão do cuidado com a criação, porque, desse
modo, estaria me colocando em um patamar, como de quem cuida, e a criação
estaria em outro, necessitando dos meus cuidados; eu estaria dicotomizando o que
é único – na realidade, nós coexistimos juntos, eu e a criação.
Qual o objetivo do canal Ecoteologia Decolonial? E o que você espera alcançar
com ele?
Josias Vieira – O canal tem como objetivo colaborar com o diálogo ecoteológico entre o povo cristão e com outras manifestações religiosas sobre a nossa relação com a casa comum. Eu gostaria de chamar a atenção do nosso povo cristão para o fato de que a criação não é um almoxarifado de onde retiramos “recursos”. Ela é uma conosco para a glória de Deus. Por que criar um canal para abordar o assunto, em dias em que muitos querem negar os problemas relacionados ao meio ambiente, como a crise climática? Josias Vieira – A exemplo dos profetas que nos antecederam, a igreja precisa usar sua voz profética para fazer conhecida a vontade do Senhor e denunciar o que tem sido feito de errado. Exatamente em momentos em que pecamos contra a santidade criadora de Deus, negando as problemáticas ambientais, causadas por nós mesmos, somente aí, a partir dessa denúncia profética em espaços como este, que além de denunciar, busca construir conhecimento coletivamente, a crise climática pode ser percebida como uma das piores dessas problemáticas. Então, o objetivo do canal é colaborar nesse processo de reconhecimento do pecado da humanidade contra a santidade criadora de Deus. O que as pessoas podem esperar do canal? Josias Vieira – Um olhar crítico, embasado, colaborativo na construção de uma ecoteologia que nasce a partir de suas próprias bases, originárias e tradicionais, e não do que vem formatado e importado do norte global colonizador.