Em questões ambientais, a igreja é parte do problema ou da solução?

Claudia é diretora da Tearfund no Brasil, uma organização humanitária cristã, que há mais de 50 anos trabalha em parceria com igrejas e organizações comunitárias. Na reflexão proposta a seguir, ela aponta como a queda do homem no Éden causou inimizade com toda a criação, mas Cristo trouxe reconciliação. “Deus nos chama para restauração em três dimensões: com Ele, com o outro e com a criação”, explica.

Comenta ainda, que a “mordomia cristã” é bem diferente do entendimento popular da palavra mordomia. O conceito bíblico consiste em cuidar da criação de Deus e prestar contas ao dono. Destaca ainda, a responsabilidade cristã: “Não é opcional, é um chamado. O Senhor nos confiou a terra e o que nela há”. Entretanto, os efeitos do mal que a espécie humana tem causado estão à vista de todos. “Vemos na fumaça das queimadas do Pantanal, que tem chegado em outras cidades, na falta de saneamento básico nas favelas, na perda da biodiversidade e na própria atual pandemia”, aponta.

Não é sensato ignorar as catástrofes e crimes ambientais, menos ainda a Igreja fazer isso. Claudia lembra que os mensageiros do evangelho têm a tarefa de anunciar Cristo a todas as criaturas. Ela alerta que a postura da Igreja diante dessas questões revela a importância e o entendimento que se tem sobre a missão.

Explica ainda que, “quando não paramos para pensar no consumo desastroso, nosso estilo de vida se torna destrutivo. Quanto mais nos afastamos do cuidado com a terra, maior nossa sensação de que não temos parte nisso. Nosso modo de viver nos impede de perceber como o processo acontece. E o que não vemos, tendemos a não valorizar e, consequentemente, não proteger.”

Cuidado com a criação na prática

Claudia alerta que a ausência de cuidado com a criação é também autodestruição. “Esquecemos que dependemos daquilo que temos destruído. A poluição deixa cicatrizes na criação de Deus. E a igreja como mensageira da reconciliação, tem que assumir esse ministério. Nada na criação deve ser desprezado ou esquecido. A transformação começa em nós e o primeiro passo é orar. Porque essa luta é fruto do pecado”.

Confira na prática uma lista deixada por Claudia Moreira que pode nos ajudar no cumprimento da mordomia cristão para com a criação.

Reduza. É preciso viver dentro do limites do planeta. Se Deus os estabeleceu, devem ser respeitados.

Recuse. Reduzir o consumo nos levará a recusar o que não é necessário. Para isso, precisamos orar, porque dizer “não” é um ato de coragem.

Reuse. Use a criatividade que Deus nos deu. Muitas coisas que descartamos têm diferentes utilidades.

Recicle. O que jogamos no lixo não some de forma milagrosa. Lembre-se que jogar fora, ainda é jogar dentro do planeta.

Recupere. Pense em novas maneiras de usar o que foi desprezado.

Repense. Todos os dias ao acordar, pergunte a Deus como viver sabiamente e que decisões tomar. Questione de onde vêm as coisas que você consome e importe-se com tudo o que implica a confecção e uso.

Reeduque. De início parece difícil, mas Deus nos capacita a mudar.

Relembre. Traga à memória quem você é e para que Deus te criou.

Por fim, Cláudia aconselha a igreja a reconhecer seu papel de ensinar e aprender. Envolver as novas gerações, abrir espaço para discussão e se disponibilizar como parte da solução. Ressalta que mudar o mundo vai de lavar a louça em casa a fazer algo a respeito das queimadas no Pantanal e encerra alertando: “O papel da igreja é denunciar e se engajar. Se fazemos parte do problema, devemos ser parte da solução”.

Nota: Conteúdo extraído das palestras do Encontro Sepal on-line 2020 e publicado originalmente no site Sepal.

Foto do topo: Tony Winston/Agência Brasília (05/10/2016).

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