Missionários ou jardineiros de Deus?

Por Agnaldo Pereira Gomes Membro do GT Teológico/Pastoral do movimento Renovar Nosso Mundo

Depois o Senhor Deus plantou um jardim na região do Éden, no Leste, e ali pôs o ser humano que ele havia formado. [...], para cuidar dele e nele

fazer plantações”. (Gn 2.8, 15).

Nicolau Ludwing Von Zinzendorf (1700 – 1760) era de família nobre alemã e vivia em conflito existencial, porém, ao visitar uma galeria de arte, foi tremendamente impactado ao ver o quadro (Ecce Homo de Domecino Feti) que mostrava Cristo suportando a coroa de espinhos, com a seguinte inscrição: “Fiz tudo isto por ti, o que fazes tu por mim?”. Esta experiência mudou para sempre a vida de Zinzendorf, que dedicou toda sua vida e fortuna à causa de Cristo, tornando-se um dos precursores do primeiro grande movimento missionário protestante, impactando milhares de vidas em seu tempo. A Igreja da Morávia acolheu refugiados e enviou, durante vinte anos, mais missionários do que toda a igreja protestante em 200 anos.

Há certas experiências que podem transformar a nossa vida e uma delas é a contemplação da magnífica obra de arte feita por Deus. Sim, ao contemplamos a beleza e a grandeza da criação, podemos ser impactados e, como Zinzendorf, levados a um questionamento similar: Tudo isso ele fez por mim, que faço eu por ele?

A Bíblia deixa claro que Deus fez tudo perfeito para que o homem pudesse se deleitar e cuidar da sua criação. Os relatos bíblicos mostram Deus criando com perfeição todas as coisas e, ao final de cada dia, admirava e aprovava tudo o que havia feito. Em seguida, após criar o homem, criou também um jardim e “ali pôs para cuidar dele e nele fazer plantações” (Gn 2.8,15). Que privilégio ser jardineiro, parceiro de Deus no cuidado da criação!

No entanto, o orgulho falou mais alto e os nossos primeiros pais almejaram ser como Deus (Gn 3.5-6) em detrimento do privilégio de estar com Deus (Gn 3.8-10). Expulsos do jardim e da presença do Criador, o homem agora errante, distante de sua origem, torna-se uma caricatura daquilo para o qual fora criado. Passou a ter inimizade consigo mesmo, com o seu semelhante, com Deus e com a própria natureza, destruindo tudo à sua volta.

Deus, porém, nunca deixou de amar toda a sua criação, tanto que elaborou um plano de resgate, revelado por Jesus, não somente para salvar o homem, mas todo o mundo criado por ele, conforme João 3.16-17. O apóstolo Paulo confirma isto em Romanos 8.19-23, quando diz que todo universo, gemendo como uma mulher em dores de parto, aguarda com ansiedade o dia desse resgate.

Dessa forma, nós os cristãos, alcançados pela graça de Deus, deveríamos voltar à nossa vocação original: sermos jardineiros de Deus. Deveríamos todos nós – cristãos, igrejas e organizações cristãs –, nos dedicarmos como verdadeiros missionários à causa da preservação e da restauração do meio ambiente. Assim como a Palavra, a criação de Deus serve para anunciar a glória de Deus (Sl 19.1). Portanto, ao permitirmos a destruição da sua obra, estamos impedindo que ele se torne conhecido entre todos os povos.

“Senhor, perdoa-nos em nossa negligência ao destruir e permitir a desfiguração da obra-prima feita com as tuas próprias mãos e com o poder de tua Palavra. Restaura em nós a vocação inicial de jardineiros de tua criação. Por Cristo Jesus, Amém!”

Agnaldo Pereira Gomes – Integrante do GT Teológico/Pastoral de Renovar Nosso Mundo, pastor Presbiteriano Independente em Sorocaba, SP, e Presidente da AIPRAL – Aliança de Igrejas Presbiterianas e Reformadas da América Latina e Caribe.

Foto do topo: Photo by Dave Hoefler on Unsplash

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