A teoambientologia, a mordomia cristã e a missão transformadora

Como articular educação ambiental, teologia, mordomia cristã e missão? Este é o desafio sobre o qual a professora Ângela Maringoli se debruça em seu livro “Teoambientologia: Um Desafio para a Educação Teológica”, publicado em 2019 pela editora Recriar. Ângela Maringoli participa do movimento Renovar Nosso Mundo, como integrante do Grupo de trabalho Teológico/Pastoral, e possui uma extensa experiência acadêmica, com mestrado e doutorado em Ciências da Religião, pela Universidade Metodista de São Paulo.

O livro aborda a urgente necessidade de inserir a responsabilidade ambiental nos espaços de educação teológica no Brasil, a partir de uma perspectiva da missão transformadora e uma visão holística da educação ambiental para a capacitação de missionários e seminaristas na solução de problemas das comunidades do campo missionário.

De acordo com Claúdio de Oliveira Ribeiro, o trabalho da professora Ângela Maringoli é uma “contribuição relevante para grupos cristãos e pessoas em geral que se sentem chamados e responsáveis pelos desafios missionários, cujos propósitos possuem uma dimensão holística, ao não separar as realidades religiosas e as terrenas”.

Da teoambientologia à missão holística

A professora Ângela Maringoli explica que Teoambientologia é uma ciência contemporânea, holística e interdisciplinar, que pode nos ajudar a compreender o momento do coronavírus e de como a Covid-19 tem assolado o planeta. Para a professora, a reflexão que se coloca no momento não é se o planeta vai sobreviver, mas sim o que vai acontecer com a humanidade e o que pode ocorrer conosco após a o controle do coronavírus.

Maringoli descreve Teoambientologia como uma ciência que une aos conhecimentos interdisciplinares e holísticos a educação ambiental, a educação teológica cristã e o conceito de mordomia cristã, ou seja, a missão do ser humano como mordomo da terra e o cuidado básico de quem vive em algo que lhe é emprestado. A Teoambientologia tem a compreensão de que o planeta é emprestado ao ser humano para que ele possa viver e cuidar do que está sob sua responsabilidade. Entretanto, como humanidade, temos cometidos muitas falhas em várias áreas, como mordomos do planeta – afirma a estudiosa.

Para a professora, pensar a Teoambientologia significa discutir as grandes questões ambientais.  Neste sentido, percebemos que o mundo globalizado nos roubou conceitos que antes eram importantes para as sociedades, como, por exemplo, o relacionamento com a divindade e até com as pessoas ao nosso redor. Maringoli argumenta: “Perdemos esse contato porque ficamos mais preocupados com as nossas próprias necessidades, com a nossa própria existência, com o nosso individualismo, e isso fez com que nos distanciássemos uns dos outros. Então, aparece um vírus que nos obrigado ao confinamento, para que, assim, voltemos a nos relacionar com aqueles que estão próximos, mas dos quais havíamos nos afastado por conta da internet e dos meios de comunicação”.

A Teoambientologia aborda o conceito de missão – a missão transformadora, do evangelho social, que entende que o ser humano deve ser respeitado como um todo e que o evangelho do Cristo chega a todo ser humano de uma forma integral. No corpo desse o ser humano, significa roupa, alimentação e emprego digno. Na alma, significa cuidar das emoções, independente da etnia e classe econômica. Ou seja, o evangelho para o homem todo, para todo homem e para todo ser humano.

Conversamos com a autora, Ângela Maringoli, para ouvir mais sobre a Teoambientologia. Ela explica a origem do termo:

O nome Teoambientologia vem da junção de duas palavras: teologia e ambiente, lugar em que habitamos. Na língua portuguesa chamamos essa junção de aglutinação. O nome surgiu quando estávamos em Coimbra, em Portugal. Na época, concluindo minha investigação para construção da tese de doutorado sobre meio ambiente, uma experiência fez alvorecer o conceito. E, agora vou definir qual o significado da palavra Teologia para nós da Teoambientologia: Teologia com o uso das ciências sociais e humanas mais o estudo da Palavra de Deus se resume no esforço do ser humano em compreender o momento em que ele vive. No anseio de reconstruir um mundo mais equilibrado e justo, a Teoambientologia conversa com diversas fontes e correntes teológicas, sobre o debate das questões ecológicas tais como o cuidado com a terra, o clima e os desafios sociais. Tudo no intuito de mostrar a importância de uma revisão das práticas cristãs para os desafios atuais respeitando a ortodoxia da fé sem perder de vista o bem maior, a vida.

Curso

Nos dias 27 de maio, 03, 10 e 17 de junho, a professora Ângela Maringoli ministrará o curso “O Meio Ambiente na perspectiva da Ciências da Religião: um olhar Teoambientológico”. Promovido pela Faculdade Boas Novas, o curso tem como objetivo conceituar a ciência da Teoambientologia usando um dos seus pilares, que é a Educação Ambiental e suas aplicabilidades nas políticas públicas, nas questões sociais e econômicas e suas implicações ambientais. O curso acontece via Meet, em 4 encontros, às 19h30, às quintas-feiras​. Clique aqui para saber mais sobre o curso.

>> Clique aqui para adquirir o livro.

>> Assista à série de vídeos sobre Teoambientologia

Photo by Andrey Câmara on Unsplash

lang_blog_latest

#AmazôniaNossoÉden: Recursos para se manifestar no Dia da Amazônia

Neste domingo, dia 05/09, será comemorado o Dia da Amazônia!

Por isso, queremos mobilizar lideranças, pastores/as, comunidades, organizações e pessoas evangélicas a se posicionarem a favor da conservação deste bioma tão importante e essencial para grande parte dos povos originários, mas também para a proteção do clima e do meio ambiente.

RECAP elabora Cartilha de Orientação às igrejas a respeito da tese do Marco Temporal

Hoje, 01/09, a votação do PL 490 volta à pauta do Supremo Tribunal Federal (STF).

O PL 490 apresenta várias ameaças aos indígenas e o ponto mais criminoso deste projeto é a tese do Marco Temporal, a qual alega que as populações indígenas só tem direito às terras das quais já tivessem posse comprovada em 5 de outubro de 1988, data da promulgação da atual Constituição Brasileira, mesmo sendo eles os originários.